quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Liberdade? Hmmm, ok!

Ainda não tive a oportunidade de opinar sobre os atentados de França.
Por várias razões não o fiz: porque o assunto já cansa, porque já toda a gente o fez e a minha opinião não fará qualquer diferença, porque este blog nasceu quase um mês depois dos acontecimentos e já não era oportuno.

De qualquer das formas, foi uma das razões para a criação do blog: o direito à liberdade de expressão, tal como expliquei no 1º post.

Este tema tornou-se muito polémico porque conseguiu pôr o dedo na ferida: será que temos mesmo liberdade de dizer a nossa opinião? sem filtros? não é verdade que a nossa liberdade termina onde começa a do outro? Então como é que ficamos??

Não é fácil decidir. Todos já experimentamos as reacções de algumas pessoas aquando são confrontadas com a frontalidade.
Costumo dizer: se não queres saber a resposta, não faças a pergunta, mas no caso, ninguém nos pediu a opinião. Então temos direito a dá-la ou não?
As vítimas, terão "merecido" os ataques como sugeriu o Gustavo Santos?

Obviamente que ninguém merece morrer por dar opiniões, por ter criatividade, por serem originais e geniais, como eram os jornalistas / cartoonistas do Charlie Hebdo, mas tal como eu aceito bem as críticas e sei rir de mim próprio, há pessoas que não têm essa facilidade, ou inteligência, diria mesmo.

Nunca fui uma pessoa religiosa, embora seja católico por imposição cultural e talvez essa distância possibilita-me ver as coisas com indiferença.
Mas também acredito que muitos católicos se vissem um jornal a desacreditar (a ridicularizar por vezes), também se sentiriam ofendidos (relembro o caso do cartoon nacional do papa com um preservativo no nariz)

Então onde está a diferença do que aconteceu na França e aqui ou no resto do Mundo? Não viveremos todos à mesma com a intolerância às opiniões contrárias às nossas? Não são os actuais críticos aos ataques, uns hipócritas?

A diferença está nos actos. Actualmente ninguém mata em Portugal por falta de liberdade.
Apenas são expulsos do país pelo próprio presidente Cavaco Silva (caso do Saramago quando escreveu o livro "Evangelho segundo Jesus Cristo"), despedidos pelo Primeiro Ministro (caso da Manuela Moura Guedes no Jornal Nacional - 6ª feira na TVI), ou mais recentemente, os partidos da esquerda ao criticarem as reportagens do José Rodrigues dos Santos nas eleições da RTP (os mesmo que ficaram escandalizados pela falta de tolerância de um bando de marginais!).

Estes são apenas alguns exemplos. E apenas em Portugal, porque infelizmente a hipocrisia não tem nacionalidade e nós até somos dos mais comedidos.

Posso não concordar com algumas opiniões, mas todos têm direito a expressar-se. Desde que, não incentivem à violência, intolerância, xenofobia, homofobia e desigualdades de género, como a nossa Constituição promove. E bem!!!

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